Entrevista: Napoleão de Almeida

O primeiro "Melo Entrevista" de 2012 é com o apresentador do Jogo Aberto Paraná, Napoleão de Almeida. Entre os assuntos, Napoleão contou sobre a sua carreira no jornalismo esportivo e sobre os imbróglios que estão ocorrendo no Campeonato Paranaense, mesmo antes do seu inicio.

Agradeço ao Napoleão de Almeida pela entrevista e espero que aproveitem.

Pedro Melo: Conte-nos um pouco da sua carreira no jornalismo esportivo. Você ser quis trabalhar como jornalista na área de esportes?

Napoleão de Almeida: Quem trabalhou com esporte normalmente sempre quis essa área. Dentro das redações, acredite, o esporte é marginalizado - embora isso tenha mudado um pouco. Jornalista em geral tem vontade de mudar o mundo e o esporte não costuma proporcionar essa sensação, hehe. Mas eu sempre gostei muito e estudei a área. Eu comecei faz 10 anos, na Rádio Globo, graças ao apoio do Capitão Hidalgo. Fiz 3 anos de técnica vocal e curso de narrador, busquei duas faculdades em comunicação, Jornalismo e Publicidade, e duas pós-graduações, em Jornalismo Esportivo e Gestão Esportiva, em São Paulo. Já rodei um trecho aí, graças a Deus sempre em bons lugares: Band, SBT, RIC, BandNews, Placar, Veja, Gazeta do Povo, 91Rock (projeto que criei com o Mauro Mueller, Titi Barros e o Carlos Gomes, diretor) e alguns mais, em Curitiba e em Campinas, onde morei um tempo.

PM: Falando do Campeonato Paranaense, enfim ficou definido que o Atlético vai estrear contra o Londrina em Ponta Grossa. Você acredita que o rubro-negro demorou em se decidir onde irá mandar seus jogos?

NA: Sem dúvida. Não só o Atlético, mas todos os que cercam a Copa em Curitiba poderiam ter pensado em tudo desde 2007. O Atlético, claro, é o principal interessado, já que é ele quem tem que entrar em campo. Faltou habilidade política, bom senso, diplomacia, organização... faltou tudo. Foi e ainda é um mico, porque Ponta Grossa é um paliativo.

PM: Qual é a sua opinião sobre o Coritiba em não alugar o Couto Pereira para o seu rival?

Napoleão de Almeida: O Coritiba tem que ver o que é melhor pra ele, assim como o Atlético e o Paraná. O Coxa foi muito mal tratado na história. Quiseram empurrar goela abaixo, aí tudo se perdeu, virou guerra. Mas a diretoria também não deveria ter entrado na onda da torcida, que é passional. O Atlético jogou no Couto anos a fio e nunca ninguém morreu por isso. O SPFC aluga o Morumbi pros rivais e é Tricampeão do Mundo. O Coxa poderia chegar a um acordo com o Atlético, rentabilizar no aluguel, em placas de publicidade, na melhoria de trabalho e venda para as lanchonetes do estádio. Vilson Andrade diz que nunca foi procurado oficialmente, o que dificulta - aí vem a história da falta de diplomacia. Mas, em 5 anos, ninguém poderia ter sentado e conversado? Ruim, né? E o Paraná o mesmo, embora a Vila sempre tenha sido plano B porque a capacidade é menor. Além de ser 17 mil lugares para 18 mil sócios, tem a carga do visitante, 10%. Enfim, um nó. E que vai seguir na justiça.

PM: Dificilmente o Atlético não vai jogar o estadual inteiro em Ponta Grossa, você acha que o rubro-negro irá chegar um acordo com o Coritiba ou com o Paraná?

NA: Difícil prever. A coisa virou guerra. E o Paraná tá no direito de pedir o que entende que a Vila Capenama vale. O Atlético é que tem que ver se encaixa no seu bolso e/ou os sócios merecem esse esforço. Ou só o sócio é que terá de fazê-lo. Na verdade, no futebol, o torcedor é consumidor só na visão do vendedor, porque pra ele é inimaginavel entrar no Procon, por exemplo.

PM: O único gramado considerado excelente pela FPF foi o do Janguito Malucelli. Será que vamos ter vários jogos com gramados ruins, principalmente no interior, como tivemos no ano passado?

NA: Certamente. Infelizmente, a situação dos clubes do interior é sempre precária. Fazem futebol com pouco dinheiro e o campeonato é inchado. O estadual devia ter no máximo 10 clubes. Ou melhor, deveria voltar a Copa Sul e o Estadual ser um acesso a ela. 

PM: Quais times podem surpreender a dupla Atletiba esse ano no Campeonato Paranaense?

NA: Londrina, que vem mais estruturado, tem camisa e torcida, Operário, pelas mesmas razões mas um pouco menos forte. Acho que Corinthians-PR e Cianorte também podem ir bem.

PM: Em relação ao Paraná Clube, a sua opinião é que deveriam ou não antecipar a Série Prata? Por quê?

NA: Deveria. Porque oito dos 10 clubes querem. Porque o calendário vai ficar espremido, com a FPF remarcando jogos em função da Série B, que é prioridade. Porque os clubes do interior, caso isso se confirme, terão mais dois ou três meses de folha salarial para cobrir e eles já não tem receita. E porque o Paraná está representando o Estado em uma competição maior, nacional, e precisa ter esse apoio. Não se trata de ser grande ou não, defenderia o mesmo se a vaga na B nacional fosse do Cincão EC; o ponto é o seguinte: na quarta 18/01, o Inter estreou sozinho no Gauchão, em rodada antecipada pela FGF, porque o Colorado representa o RS na Libertadores. Isso é defender o filiado. 

PM: Ricardinho assumiu o comando técnico do Paraná, o Ageu não era uma melhor opção, já que ele conhece bem o tricolor atualmente?

NA: Não. Ageu até pode estar mais dentro da função que Ricardinho, que era jogador até ontem. Mas o Paraná não tem o que ser conhecido hoje: está sendo remontado praticamente do zero. Ricardinho traz consigo a marca, credibilidade e até, porque não, dinheiro. Acho que pode colaborar mais. Lamenta-se a saída do Ageu, mas é direito de quem chega montar sua equipe.